segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Produtor detalha gargalo energético

Interrupções no fornecimento de energia elétrica e baixa tensão são os principais gargalos que vêm impedindo produtores de investir na melhoria de suas propriedades. Os pontos foram tratados ontem (2) na subcomissão de Energia Rural da Assembleia Legislativa e seguem em debate hoje (3) no Seminário sobre Qualidade de Energia para o Meio Rural, que contará com a presença do diretor-presidente da Aneel, Nelson Hubner, e de concessionárias. No ato, os produtores irão apresentar suas reclamações e as empresas prometem respostas. A AES Sul informou que participará como convidada e, se permitido, apresentará o que vem fazendo para atender à demanda do setor. A CEEE informou que pretende ouvir para, então, definir o que poderá ser feito. A RGE detalhará investimentos.

O problema, segundo o secretário de Desenvolvimento Rural e Cooperativismo, Ivar Pavan, é que as concessionárias não desempenham seu papel. Pavan diz que é preciso fazer essa cobrança porque, mesmo disponibilizando recursos, que somente no Plano Safra Estadual chegam a R$ 1,1 bilhão, agricultores de muitas regiões não adquirem máquinas porque não há qualidade de energia. O assessor de Política Agrícola da Fetag, Márcio Langer, diz que o problema é generalizado. "Cada vez que o produtor liga a ordenhadeira tem que desligar o resfriador." Segundo ele, em algumas regiões, as concessionárias já estão fortalecendo as linhas de transmissão.


Correio do Povo

RS quer transformar excesso de arroz em biocombustível

São Paulo - Após a crise que os arrozeiros do Sul do País passaram com os preços do cereal abaixo do custo, no início do ano, mais uma alternativa surgiu para equilibrar a oferta e a demanda e minimizar os problemas do setor. Trata-se do etanol à base de arroz, que tem um rendimento melhor que o milho, e uma possibilidade de expansão de área superior à cana-de-açúcar. O levantamento foi realizado pela Agência de Desenvolvimento de São Borja (ADSB), no estado do Rio Grande do Sul.

O setor sucroalcooleiro está às voltas com a perda de rendimento de suas lavouras, e a oferta do etanol segue escassa no País, perdendo a competitividade frente a gasolina em grande parte dos estados brasileiros. Os produtores de arroz ainda estão em busca de saídas viáveis para melhorar a sua remuneração, pois a oferta do produto é crescente e o consumo segue em baixa. A ideia de juntar os dois e resolver pelo menos parte do problema surgiu no Rio Grande do Sul e conta com a participação de produtores rurais, entidades, empresas privadas e governo estadual.

A ADSB está encerrando o ciclo de apresentação nos municípios produtores de arroz do projeto "Estudos de Viabilidade à Implantação de Biorefinarias de Etanol de Arroz no RS". Estas apresentações são também para captação de recursos orçados em R$ 300 mil para a execução do projeto, onde produtores, indústrias de beneficiamento, empresas identificadas com o setor e entidades representativas estão apoiando esta iniciativa. "O projeto está orçado para estudar a viabilidade para a implantação de uma biorefinaria para processamento do etanol de arroz. A ideia é trabalhar com dois milhões de toneladas de arroz beneficiado, que fazem parte do excedente de três milhões que temos no Brasil", comentou o presidente da entidade, José Francisco Rangel.

Durante uma reunião, na manhã de ontem, com representantes do setor do Rio Grande do Sul, e com o presidente do Instituto Riograndense de Arroz (Irga), Cláudio Pereira, Rangel afirmou que deve encomendar os estudos junto à empresa paulista Technoplan, especializada na execução de projetos estratégicos na área da agroenergia, até o final da próxima semana. "Os produtores querem se unir para levantar esses aportes, pois não aguentam mais esperar. Tão logo, caso o governo do estado demore ainda mais, daremos andamento a isso", argumentou ele.

Rangel contou que a cada tonelada de arroz é possível obter 430 litros de etanol, já o milho rende, com a mesma quantidade, 400 litros, e a cana-de-açúcar somente 80 litros. Para processar 900 milhões de litros de etanol por ano, o setor sucroalcooleiro precisaria de duas usinas, que custariam aproximadamente US$ 1,5 milhão. Já a rizicultura necessitaria de quatro usinas, a custos de US$ 200 milhões cada uma, ou seja, US$ 800 milhões no total. "Na comparação direta somente o preço do arroz é mais elevado que a tonelada da cana. Mas o setor de arroz ainda possui grande potencial de expansão, o que daria uma alternativa melhor para o setor", frisou o executivo.

Para o presidente do Irga, a ideia é boa, mas não é única. Existem outros projetos no estado para resolver os problemas de excedente de arroz, que não gerariam custos tão altos. Pereira, no entanto, vê o projeto com bons olhos, mesmo porque o estado sulista importa mais de 90% do etanol usado anualmente. "Essa é uma questão nova e complexa. Requer estudos mais aprofundados sobre a viabilidade econômica. O Japão já tem esse processo, mas ela é adequada à realidade deles, e não sabemos se encaixa com a nossa realidade. O Irga está disposto a buscar investimentos para realizar esses estudos e ajudar no que for preciso. Iremos conversar agora com a Secretária de Ciência e Tecnologia do estado para ver qual o caminho a ser tomado", disse ao DCI.

Para Pereira se o estado e a entidade resolverem entrar com a maioria dos investimentos para o estudo, o mesmo deverá ser disponibilizado publicamente. "Esses R$ 300 mil para o estudo de viabilidade econômica é muito caro. E eles querem que o estado entre com a grande maioria dos recursos, mas para isso o estudo tem que ser público, e ainda vamos conversar sobre isso".

Quanto à polêmica do uso do cereal como combustível, versus a alimentação humana ou animal, ambos os representantes afirmaram que o projeto prevê utilizar somente os excedentes. E conforme o crescimento da demanda, amplia-se a produção. "O consumo de arroz tem caído bastante no País. Na década de 80 o consumo era de 40 quilos por pessoa/ano, e hoje estamos consumindo menos de 15 quilos por ano. Todos ganham com isso, o produtor poderá ampliar a sua produção e garantir um bom preço. O consumidor terá a opção de combustível mais barato, e continuará a comer o arroz. E a industria de biocombustíveis ganhará mais uma opção", finalizou Cláudio Pereira, que irá se reunir com o governo do estado esta semana.


DCI - Diário do Comércio & Indústria

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Só cooperativas podem exportar trigo argentino

Agricultores Federados Argentinos, vinculada à Federação Agrária, ACA-Associação de Cooperativas Agropecuárias, vinculada à Coninagro e um grupo cooperativo de Entre Rios receberam autorização para exportar as 450 mil toneladas de trigo liberadas na semana passada, deixando de fora todas as demais empresas, algumas tradicionais exportadoras e produtores independentes. A Bolsa de Comércio de Rosário convocou uma reunião urgente, na manhã desta segunda-feira, para discutir a situação.

Quando, no meio da semana passada, os ministros de Economia e de Agricultura anunciaram a ampliação das cotas (ROE) de exportação, ninguém no mercado esperava essas restrições quanto às empresas, até porque vários exportadores tinham comprado e armazenado o grão para esta finalidade, que agora lhes é tirada. A pouca esperança de que esta não fosse uma situação definitiva se desvaneceu e logo passou à indignação. Na quinta-feira à noite começaram a circular os primeiros rumores de que o governo daria à AFA e ACA todas as cotas.


DCI - Diário do Comércio & Indústria

Mapa autoriza adesão do RS ao Suasa


Termo que fortalece agroindústria deve ser assinado durante a Expointer

O Rio Grande do Sul recebeu ontem (3) o aval do Ministério da Agricultura (Mapa) para adesão ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa). Com o parecer favorável, que veio após três dias de auditoria do Mapa, nesta semana, agroindústrias e municípios poderão vender seus produtos para todo o país. A habilitação deve ser oficializada na Expointer 2011, através da assinatura de termo pelo ministro Wagner Rossi e pelo governador Tarso Genro. De acordo com o secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, além de ampliar mercado para agroindústrias, a medida resulta em produtos de maior qualidade para o consumidor.

A Granja Pinheiros, de Presidente Lucena, que recebeu vistoria técnica, dará a largada gaúcha ao programa regulamentado em 2006 e coordenado pela União, com participação de municípios e estados, por meio de adesão. Atualmente, somente Bahia, Paraná e Minas Gerais e os municípios gaúchos de Erechim, Santa Cruz do Sul e Rosário do Sul têm reconhecida a equivalência da inspeção. A meta da Seapa é, em cinco anos, adequar os 340 estabelecimentos registrados no Cispoa, além de realizar auditorias nos 202 Serviços de Inspeção Municipal (SIM).

Contudo, para que isso seja possível, o atual quadro de 1.300 servidores do Departamento de Defesa Agropecuária (DDA) terá de ser ampliado. "Sanidade só se garante através de pessoal qualificado", disse o diretor do DDA, Eraldo Marques, lembrando que, nos próximos 30 meses, 40% dos servidores estarão em condições de se aposentar. Conforme a diretora do Cispoa, Ângela de Souza, a equivalência foi possível pelo equacionamento de falhas como o controle de fraudes e credenciamento de laboratórios.


Correio do Povo

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Produtores de soja iniciam planejamento do plantio para a próxima safra no Rio Grande do Sul


Recomendações técnicas publicadas em zoneamento agrícola feito Ministério da Agricultura orientam o cultivo
Nestor Tipa Júnior | Porto Alregre (RS)
O planejamento dos produtores de soja para a próxima safra, no interior do Rio Grande do Sul, já começou. O produtor Edenir Rosso, de Passo Fundo, pretende plantar 70 hectares da cultura. Os bons preços o estimularam o a fazer a compra antecipada dos insumos.
– A gente já adquiriu praticamente todos os insumos para a próxima safra, aproveitando os preços da soja que estão relativamente bons. Aí podemos fazer a troca de insumos, principalmente de adubos e fungicidas que são necessários para a cultura - revela.
Na última semana, o Ministério da Agricultura publicou o zoneamento agroclimático para o plantio da soja. Entre as indicações, estão os elementos climáticos que influenciam a produção da oleaginosa, além dos tipos de solos aptos ao cultivo e do melhor período para a semeadura.
O documento informa que o grão cresce bem em temperaturas ambientes de 20ºC a 30ºC. Além disso, a disponibilidade de água é importante, principalmente, em dois períodos de desenvolvimento da cultura, na germinação e na floração.
O agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Alencar Ruggeri, recomenda o escalonamento da produção e a utilização de cultivares de ciclo médio e tardio.
– A principal recomendação que podemos fazer para os produtores é que eles façam um escalonamento dentro do período recomendado, além da utilização de variedades de ciclo médio precoce e tardio. São as duas formas de minimizarmos qualquer dificuldade – recomenda.
Na última safra, o Rio Grande do Sul cultivou uma área de quatro milhões de hectares de soja, com uma produção de 11,6 milhões de toneladas, conforme dados do levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de junho de 2011. O plantio deve começar no início de outubro.

RÁDIO GAÚCHA

Território da Cidadania Noroeste Colonial destaca produção de leite em São Martinho

Com produção de 65 mil litros de leite ao dia, São Martinho, na Região Noroeste, tem conseguido manter estável a renda de 480 famílias de pequenos produtores que investem na atividade leiteira. Atualmente essa atividade é mais importante para a economia do município do que a produção de grãos. Para tornar este cenário conhecido dos agricultores familiares que fazem parte do Território da Cidadania Noroeste Colonial, a Emater/RS-Ascar, instituição que executa o Projeto Territórios no Estado, promoveu, na semana passada, uma visita à propriedade da família Ritter, no interior do município.

Administrada pelo casal Maria e Léo Ritter e o filho deles, o técnico agrícola André, a propriedade de 21,5 hectares é diversificada, como a maioria das propriedades rurais de São Martinho. Além da produção de subsistência, como hortaliças, frutas, galinhas e batata, os Ritter produzem suínos e 520 litros de leite/dia. Conforme explicaram o técnico agrícola e o médico veterinário da Emater/RS-Ascar, Cristiano Herpech e Oldemar Weiller, respectivamente, a gestão da propriedade, implantada pelos Ritter, se beneficia da experiência dos pais e das novas tecnologias introduzidas pelo filho. O controle do dinheiro que entra e sai do caixa da família, por exemplo, é feito na planilha do computador de André.

Considerada uma das cadeias produtivas que melhor remunera o pequeno produtor, a cadeia produtiva do leite cresce a cada ano no Estado (segundo maior produtor nacional, atrás de Minas Gerais), e no Brasil (quinto maior produtor mundial, atrás dos Estados Unidos, Índia, China e Rússia).

A visita feita aos Ritter faz parte das atividades que a Emater/RS-Ascar está desenvolvendo com quatro mil famílias em 34 municípios do território. Além do Território da Cidadania Noroeste Colonial, a Emater/RS-Ascar também é executora das ações realizadas nos outros três Territórios da Cidadania que existem no Rio Grande do Sul (Médio Alto Uruguai, Região Central e Zona Sul do Estado).


Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Ijuí
Jornalista Cleuza Noal Brutti
cbrutti@emater.tche.br
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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Aquecimento global poderá aumentar desigualdades regionais e de renda

Professora Carolina Dubeux coordenou o trabalho que projeta a economia brasileira impactada pelas mudanças climáticas

As mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global aprofundarão as desigualdades regionais e de renda no Brasil. Na Região Nordeste, vai chover menos; no Sul do País, as chuvas serão mais intensas e as geadas diminuirão, enquanto no Centro-Oeste o clima ficará mais quente. Essas foram as principais conclusões do estudo Economia da Mudança do Clima no Brasil: Custos e Oportunidades, apresentado pela pesquisadora do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Carolina Dubeux, que também coordenou o levantamento. A apresentação do estudo encerrou o ciclo de palestras sobre mudanças climáticas que a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) promoveu na sede da entidade, em Brasília, entre os dias 1/8 e 2/8.

O estudo projeta um cenário otimista e outro pessimista para a realidade da economia brasileira deste século, afetada pelos efeitos do aquecimento global. “Quando se constroem cenários, é possível imaginar qual o caminho a humanidade vai seguir e, dessa forma, medir os impactos dessa escolha”, explica a pesquisadora, que também integra o Painel Intergovernamental de Mudança do Clima (IPCC, sigla em Inglês). Apesar dos problemas climáticos associados ao aquecimento global serem de longo prazo, o levantamento adotou o ano de 2050 como marco para o aumento da percepção dos efeitos das mudanças climáticas.

De acordo com o estudo, a agricultura será uma das atividades econômicas que mais sofrerão mudanças com os efeitos do aquecimento global. Segundo Carolina Dubeux, a área propícia para o plantio de soja, em 2050, será 34% menor e as perdas anuais com essa redução são estimadas em R$ 6,8 bilhões. O milho é outro produto que será fortemente atingido, revela o estudo. Estão previstas perdas de até R$ 1,5 bilhão por ano até 2050, por causa da retração de 15% da área plantada de milho.

Com exceção da cana-de-açúcar, que deverá ter um aumento da área cultivada de até 147%, todas as outras culturas sofreriam redução de área até a metade deste século. “A produtividade cairia principalmente nas culturas de subsistência do Nordeste”, explica Carolina. No Nordeste, diz o estudo, as chuvas tenderiam a diminuir 22,5 mm por dia até 2100, causando perdas agrícolas em todos os Estados da região. O déficit hídrico reduziria em 25% a capacidade de criação de bovinos de corte e, assim, provocar um retrocesso à pecuária de baixo rendimento.

Oportunidades – O levantamento também apontou medidas que ajudarão a mitigar os efeitos do aquecimento global. Entre elas, a taxação do preço médio da tonelada do carbono na Amazônia em US$ 3, ou US$ 450 por hectare. “A gente precisa oferecer mecanismos para estimular os produtores rurais a deixarem as árvores em pé e a melhor maneira é remunerá-lo por isso”, defende Carolina Dubeux. A substituição dos combustíveis fósseis também é apontada no estudo como uma forma para mitigar o impacto das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). O uso de biocombustíveis poderia evitar emissões de 92 milhões a 203 milhões de toneladas de gás carbônico (CO2) pelo Brasil até 2035. O crescimento da área plantada de 17,8 milhões a 19 milhões de hectares não causaria substituição de áreas destinadas às culturas de subsistência em nenhuma região brasileira, nem pressionaria o desmatamento da Amazônia, diz o estudo.

A professora Carolina Dubeux, que coordenou o estudo, participará da mesa-redonda “Oportunidades para a agricultura na economia do clima”, no Fórum Internacional de Estudos Estratégicos para o Desenvolvimento Agropecuário e Respeito ao Clima (FEED 2011), promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), nos dias 5 e 6 de setembro, no auditório da Fecomércio, em São Paulo. Falará sobre o tema “Buscando uma economia verde com a agricultura”.

CNA

Efeito econômico da mudança climática

Investimentos para minimizar efeitos da mudança do clima podem evitar prejuízos equivalentes a 20% do PIB mundial, diz pesquisadora
A destinação anual de recursos equivalentes a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial até 2050 pode ajudar a mitigar os efeitos das mudanças climáticas no planeta, evitando um prejuízo na economia mundial que corresponde a 20% do mesmo PIB na economia mundial se nada for feito pelos países para impedir a redução da emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). O alerta faz parte de um estudo sobre o tema feito pelo economista britânico Nicholas Stern, ex-economista chefe do Banco Mundial, apresentado nesta terça-feira (2-8) pela pesquisadora Carolina Dubeux, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Ela foi uma das palestrantes no segundo dia do encontro Mudanças Climáticas – Combate ao Aquecimento Global e o Agronegócio, promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

O objetivo do encontro é colher subsídios para a elaboração do Programa de Governança Climática para uma Agricultura de Baixo Carbono (PABC), lançado pela CNA em junho e que servirá de base para as contribuições do setor agropecuário para a redução dos gases de Efeito Estufa (GEE). A idéia da CNA é transformar em vantagem competitiva no mercado internacional a adoção de práticas que tenham o objetivo de minimizar os reflexos do aumento da temperatura global sobre a produção de alimentos. Para a pesquisadora, a atividade agropecuária, principalmente a dos países em desenvolvimento, certamente será uma das afetadas com a mudança da temperatura no mundo. “Por isso precisamos de políticas de mitigação, que terão custo menor em relação ao custo da inação”, ressaltou Carolina Dubeux em sua exposição, com base no relatório.

Desta forma, a pesquisadora citou quatro alternativas para se reduzir as emissões de GEE: a redução da demanda por bens e serviços intensivos de emissão, a economia de recursos e de emissões, as emissões não energéticas e a migração de tecnologias de emissão intensiva de carbono para instrumentos de baixo carbono, uma das alternativas defendidas pelo setor agropecuário. No entanto, ela ressaltou a necessidade de se adotar políticas que incentivem a adaptação dos vários setores da economia e da população aos mecanismos de geração de baixo carbono, além da regulamentação do comércio de carbono como alternativa para estimular a redução da emissão de gases. “Quem tem custos baixos poderia vender suas cotas para quem tem custos altos de emissão”, explicou.

Política Nacional de Mudanças Climáticas – Além dos impactos da mudança do clima sobre a economia global, outro tema que pautou os debates nesta terça-feira diz respeito aos aspectos jurídicos e políticos da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), criada pela Lei 12.187/2009. O assunto foi abordado pela advogada Flávia Frangetto, que explicou os efeitos da lei e falou sobre a necessidade de integração entre os setores públicos e privados e os poderes públicos federal, estadual e municipal. Na sua avaliação, a mitigação deve estar aliada ao desenvolvimento sustentável e as medidas devem levar em conta os diferentes contextos sócio-econômicos e a distribuição dos ônus e encargos entre os vários segmentos da economia em torno do bem comum. “Todos têm o dever de atuar em benefício das presentes e futuras gerações para reduzir o impacto decorrente das interferências antrópicas”, disse a advogada.

CNA

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Sistema de plantio direto garante fertilidade integral do solo

Com a aproximação da safra de verão 2011/2012, chega o momento de os agricultores gaúchos voltarem sua atenção para o solo. Enquanto alguns produtores o revolvem, incorporando os restos de palha e vegetais, grande parte já opta pelo plantio direto, prática da agricultura conservacionista que, quando empregada corretamente, garante a saúde do terreno em longo prazo. Segundo o censo do IBGE de 2006, em 73% da área de grãos das regiões administrativas da Emater/RS-Ascar de Erechim, Ijuí e Passo Fundo, o plantio já era realizado por meio desta técnica.
Com este método de semeadura, opta-se por manter os resíduos e revolver o solo apenas nos pontos onde são depositadas as sementes, de forma a evitar sua exposição direta à ação do sol e da chuva. “Em um terreno desnudo, em dias de sol, a temperatura da superfície pode atingir até 55ºC, perdendo mais água por evaporação e chegando a déficits hídricos mais rápido do que no plantio direto. Além disso, com a retirada da palha, a água escorre com mais facilidade, o que favorece a erosão”, alerta o engenheiro agrônomo e doutor em solos da Emater/RS-Ascar, Edemar Streck.
O produtor Eivar Rissee, de Passo Fundo, conta que a produtividade da lavoura melhorou substancialmente depois que ele passou a empregar o plantio direto. Ele ressalta a importância de se manter a cobertura vegetal. “A palha protege o solo e evita a erosão”, destaca.
Apesar de aparentemente simples, para que seja efetivo e se perpetue ao longo dos anos, o plantio direto precisa ser acompanhado de uma série de cuidados especiais, como a rotação de culturas, o terraceamento, o plantio em contorno e a manutenção da cobertura vegetal. “Para perpetuar o plantio direto, o agricultor deve adotar todo o sistema que permite manter a fertilidade integral do solo, química, física e biologicamente”, frisa o pesquisador da Embrapa Trigo, José Eloir Denardin. Ele explica que, para se obter esta fertilidade, não basta fornecer somente os nutrientes às plantas: é preciso que o solo esteja fisicamente saudável, de forma que as raízes consigam penetrar em profundidade para retirar água e incorporar a matéria orgânica.
Para que isto seja possível, o plantio direto deve ir além de seus dois preceitos básicos: revolver o solo apenas nos pontos onde serão depositadas as sementes e manter a cobertura vegetal. “É preciso que haja diversificação de espécies, por meio da rotação ou consorciação de culturas, minimização do intervalo entre colheita e semeadura, objetivando estabelecer um processo contínuo”, enumera Denardin. Com isso, o sistema sofre um menor grau de perturbação, quando comparado a outras formas de manejo.
Streck observa que, quando o produtor que opta pelo plantio direto não adota todos estes cuidados, o resultado pode ser a erosão do terreno. “O plantio direto realizado hoje no Rio Grande do Sul é de qualidade indesejada, com pouca palha e sem terraceamento, o que causa muita erosão”, avalia. Para reverter este quadro, reforça, é fundamental não restringir o plantio direto ao abandono do preparo do solo: ele precisa vir acompanhado da adoção de todo o sistema de uso, manejo e conservação de solo.
Seguindo todos estes preceitos, pesquisador e técnico concordam que o sistema de plantio direto é uma ferramenta da agricultura conservacionista indispensável para garantir a sustentabilidade da produção. Através deste método, o solo é protegido contra agentes erosivos, o impacto da chuva e as variações de temperatura, viabilizando-se de modo contínuo a semeadura direta.

Assessoria de Imprensa Emater/RS-Ascar
Jornalista Patrícia Strelow
pstrelow@emater.tche.br
(51) 2125-3104

Agricultor precisa conhecer oportunidades da agricultura sustentável

Tema foi discutido na CNA por especialistas em mudanças climáticas
O secretário executivo do Instituto Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (ICNA), Rubens Pires, afirmou nesta segunda-feira (1-8), que os agricultores devem aproveitar o momento atual para conhecer as novas oportunidades de negócios relacionadas à agricultura sustentável. “Estamos diante de um novo cenário e os agricultores brasileiros, que conciliam produção agropecuária e preservação ambiental, precisam conhecer melhor as novas alternativas de negócios”, afirmou. O secretário executivo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Daniel Carrara, citou, por exemplo, que os créditos de carbono obtidos pelo setor agropecuário podem ser vendidos para a indústria.
As mudanças climáticas é tema de reunião que ocorre até esta terça-feira, na sede da CNA, em Brasília. Algumas das propostas discutidas por especialistas nos dois dias de reuniões poderão ser incorporadas ao Programa de Governança Climática para uma Agricultura de Baixo Carbono (PABC), lançado pela CNA em junho. O objetivo do programa é apresentar as contribuições do setor agropecuário para a redução da emissão de carbono, ajudando a mitigar os efeitos negativos do aumento da temperatura sobre a atividade rural.
Durante sua apresentação, o professor Nuno Cunha, da Kryia Agropecuária de Baixo Carbono, afirmou que a agropecuária é o setor que tem condições de responder de forma mais rápida ao desafio de reduzir a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs) que provocam o aquecimento global. "A dinâmica do setor agropecuário permite que ele se adapte de forma rápida, mas para isso é preciso ter não só tecnologia, mas também recursos", afirmou. Acrescentou que o problema da falta de recursos pode ser resolvido por meio do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do Governo federal.
Listou, ainda, iniciativas que contribuem para a redução da emissão de GEEs: retenção biológica de nitrogênio, recuperação de áreas de pastagens degradadas, plantio direto na palha, integração lavoura-pecuária-floresta, geração de energia e de composto orgânico através do tratamento de dejetos animais, aumento da área de florestas plantadas e tratamento de dejetos de animais. “O setor tem facilidade para adotar práticas que seqüestrem carbono, desde que sejam elaborados projetos, que se faça o monitoramento e que sejam seguidos protocolos de cálculos”, afirmou.
Elder Zanetti, consultor do Instituto Ação Verde, apresentou ao grupo que participou da reunião outra iniciativa que pode beneficiar os produtores rurais, considerando o potencial da chamada “economia verde”. “A economia verde tem crescido três vezes mais que a economia tradicional. As projeções indicam que em 2050 ela vai superar o PIB (Produto Interno Bruto) mundial da economia tradicional”, afirmou. De acordo com ele, o mercado de bens e serviços ambientais movimentou US$ 782 bilhões em 2010, cifra que deve chegar a US$ 1 trilhão neste ano.
Citou uma série de iniciativas adotadas pelos produtores que rendem recursos extras em outros países. Nos Estados Unidos, os produtores da cidade de Cumberland recebem US$ 46 por hectare por ano por adotarem a técnica do plantio direto. Os bancos de biodiversidade também são remunerados nos Estados Unidos: são 1.047 projetos, somando US$ 2,3 bilhões. Zanetti lembrou, ainda, que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) defendeu, em 2005, um projeto que envolve créditos de biodiversidade, de carbono, energias renováveis, madeira de origem sustentada e de água.
No Brasil, afirmaram os especialistas, existem, nos Estados, iniciativas que remuneram, entre outros, a preservação da biodiversidade e da água, mas não há, no entanto, uma legislação federal para o tema. Essa indefinição pode comprometer as posições do país nas negociações em organismos multilaterais, como é o caso da Organização Mundial do Comércio (OMC).
CNA

Técnicos indicam que produtores de trigo precisam estar atentos com as chuvas

Entre os tratos que devem ser usados na cultura está o reforço na aplicação de nitrogênio
Nestor Tipa Júnior | Porto Alegre (RS)

A alta umidade presente no solo, aliada à falta de luminosidade adequada, prejudicou a germinação e o desenvolvimento inicial de algumas lavouras de trigo semeadas nos últimos dias no Rio Grande do Sul. Segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o plantio no Estado está praticamente encerrado, faltando apenas pequenas áreas deixaram de ser semeadas devido às chuvas.
Em Passo Fundo (RS), o produtor de trigo Erni Lago plantava cerca de 80 a 100 hectares nas últimas safras. Mas com as informações de que o inverno seria chuvoso, ele reduziu para 20 hectares. Com o plantio finalizado, o produtor, agora, realiza os tratos na cultura, como a aplicação de nitrogênio. Mas, com as chuvas intensas, já será preciso uma nova aplicação.
– Quando começou a chuvarada já estava tudo plantado. Já foi feito um tratamento contra doenças fúngicas e uma aplicação de nitrogênio. Mas como está chovendo demais, já preciso aplicar nitrogênio de novo, pois já está aparecendo doenças mais uma vez – informa.
Conforme o agrônomo da Emater, Ataídes Jacobsen, as condições do tempo serão o foco da atenção dos triticultores, uma vez que, dentro de poucos dias, lavouras plantadas há mais tempo deverão entrar na fase reprodutiva, de floração. Ele afirma que é preciso observar a coloração do trigo.
– Um dos aspectos interessantes a ser observado é a coloração do trigo, se ele está assumindo uma coloração mais amarelada que pode ser em razão destas precipitações maiores e isso causou uma lixiviação de nitrogênio, por isso teríamos que aplicar o nitrogênio em cobertura mesmo naquelas lavouras que já receberam aplicação de nitrogênio – orienta.
O agrônomo informa que o início da colheita deve ser na primeira quinzena de outubro, com intensificação no início de novembro. A safra de trigo, segundo a Emater, deve ocupar uma área total 845 mil hectares da cultura, com previsão de colheita de um 1,8 milhão de toneladas.
CANAL RURAL

Comércio entre Brasil e Argentina atinge volume recorde em julho

Apesar das barreiras comerciais, exportações brasileiras ao país vizinho aumentaram 25,5%
O comércio entre o Brasil e a Argentina atingiu níveis recordes em julho, com um volume de US$ 3,566 bilhões, representando um aumento de 23,9% em comparação com igual mês de 2010. As importações brasileiras de produtos argentinos somaram US$ 1,525 bilhão, com um aumento de 21,9%. Trata-se do maior valor da série histórica, segundo a consultoria argentina Abeceb, com base em números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Apesar das barreiras comerciais do país vizinho, as exportações brasileiras ao mercado argentino aumentaram 25,5%, atingindo o valor de US$ 2,041 bilhões, o segundo mais alto da série. “O resultado comercial da Argentina com o Brasil apresentou um déficit de US$ 516 milhões em julho, o que implica um aumento de 37% em comparação com o mesmo mês do ano passado", diz a Abeceb.
A balança comercial argentina com o Brasil acumula um déficit de US$ 2,96 bilhões nos primeiros sete meses de 2011. Neste período, as exportações brasileiras para a Argentina acumularam alta de 32,2% enquanto as importações do Brasil de produtos argentinos cresceram 19,5%.
– O comércio vai muito bem porque ambas as economias estão crescendo: a Argentina crescerá 7,5% enquanto o Brasil ficará acima de 4% (neste ano). as barreiras têm efeito parcial, mas o impacto pode ser melhor dimensionado quando se observa a desaceleração da importações da Argentina de produtos brasileiros, que vinham crescendo a um ritmo mensal de 30% e agora está em 20% – aposta o economista da Abeceb, Maurício Claverí

AGÊNCIA ESTADO

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Semente certificada já é maioria no Brasil

Soja e milho atingem resultados recordes, segundo levantamento da Abrasem; para entidade, soja deve evoluir ainda mais nos próximos anos

A taxa de adoção de sementes certificadas alcançou resultados recordes na última safra, principalmente no caso da soja e do milho – os dois principais cultivos agrícolas do país. Na safra 10/11, eles atingiram 64% e 87% de utilização legal, respectivamente, contra 61% e 83% na safra 08/09. O milho, assim como o sorgo, alcançou o maior índice de sementes certificadas, comparado às outras culturas pesquisadas. Os dados são da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) e constam na edição de 2011 do Anuário de Sementes Abrasem, que acaba de ser publicado.

“O crescimento das taxas de sementes certificadas reflete o reconhecimento dos benefícios trazidos pela semente e pelo uso de tecnologia, pelos agricultores e pelo mercado que, cada vez mais, comprova as vantagens que a utilização dessas sementes traz para as lavouras”, comenta Narciso Barison Neto, presidente da Abrasem. Segundo ele, a previsão para a próxima safra é que o uso de sementes legais de soja chegue aos 70% e se aproxime ainda mais dos resultados do milho.

De acordo com o presidente da entidade, os índices de sementes certificadas do milho estão praticamente superados, e a diferença para atingir os 100% tem relação com a opção do agricultor em usar, mais ou menos, as melhores tecnologias. “Vemos que os produtores estão em busca das técnicas e sementes mais produtivas e que garantem os melhores resultados. A categoria que mais evolui é sempre a biotecnologia”.

“A Abrasem trabalha em prol da agricultura brasileira. Por isso, sempre defendemos que as sementes utilizadas nas lavouras sejam certificadas, pois elas garantem produtividade e sanidade, que refletem em resultados mais positivos”, acredita Barison. Ele destaca que o índice de sementes legais é uma escala crescente, assim como a qualidade das sementes e a conscientização dos agricultores.

Biotecnologia incentiva utilização de sementes legais de algodão

Na safra 2010/11, o crescimento da taxa de utilização de sementes certificadas também se concretizou para o algodão, e o índice de adoção, que era 44% em 2008/09, subiu para 51%. “Vemos que os produtores estão mais conscientes sobre os reais prejuízos das sementes próprias ou ilegais. A grande maioria já consegue perceber que a relação custo-benefício das sementes certificadas é mais positiva”, comenta Cláudio Manoel da Silva, vice-presidente da Abrasem. Ele acredita que, na próxima safra, a tendência é que o índice de utilização do algodão atinja 65%.
Cláudio conta que, também como produtor, percebe que o lançamento de novas tecnologias faz crescer os números de adoção de sementes legais, pois os agricultores notam melhor os benefícios das sementes com certificação. “Com as variedades de algodão transgênicas, por exemplo, não vale a pena produzir sementes próprias, pois temos mais interesse em utilizar as sementes que garantem melhores resultados”, completa.

As informações são da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM).

Rio Grande do Sul pode ter usina de transformação de arroz em Etanol

Projeto ainda está em estudos de viabilidade para depois entrar na captação de recursos

Nestor Tipa Júnior | Porto Alegre (RS)
O Rio Grande do Sul pode ter, nos próximos anos, a primeira usina brasileira de grande porte para a transformação de arroz energético para etanol. A informação é do professor da Universidade de São Paulo (USP), Roberto Hukai. Ele esteve em Porto Alegre (RS), onde palestrou sobre o tema Alimentos, Energia e Meio Ambiente.

Segundo o professor, o projeto ainda está em fase de estudos de viabilidade, pedido pela Agência de Desenvolvimento de São Borja, e deve contar com o apoio do Badesul para a busca de recursos. Hukai lembra que os japoneses já utilizam o arroz para a destilação do álcool na produção de bebidas, como o saquê. Ele defende que o produtor deva ser incentivado a usar variedades específicas para a energia.

– Vamos na direção do arroz energético. Arroz energético não tem nada a ver com o arroz comestível. Eu não estou querendo saber se o arroz é bonitinho. O que eu quero saber é qual a produtividade econômica dele – salienta.

Durante a palestra, Hukai analisou o uso do arroz para a produção de etanol e dos chamados co-produtos, procurando desmistificar o impasse entre produção de alimentos ou produção de biocombustível. A ideia foi discutir formas de como ampliar a utilização dos excedentes de arroz, encontrando alternativas de aproveitamento econômico para as sobras do produtos, que responde por cerca de 2,5% do PIB do Estado.

RÁDIO GAÚCHA

Preços atrativos devem estimular aumento do plantio de milho no Rio Grande do Sul

Segundo produtores, área deve crescer em até 20%

Nestor Tipa Júnior | Porto Alegre (RS)
A expectativa é que o plantio do milho no Rio Grande do Sul terá um aumento de área na próxima safra de verão. Em algumas regiões, como São Borja (RS), o plantio deve iniciar já nas próximas semanas.

A recuperação, segundo o presidente da Associação Gaúcha dos Produtores de Milho (Apromilho/RS), Cláudio Luiz de Jesus, deve ser de pelo menos 200 mil hectares, chegando a 1,1 milhão de hectares destinados à cultura, representando um aumento de 20%. Ele avalia que os produtores estão estimulados pelos bons preços.

– Já temos empresas tentando fixar o preço do milho que o produtor vai plantar. Eu vejo que o cenário do milho do Rio Grande do Sul é muito favorável em termos de preço e também em termos de aumento de área – acredita.

Em todo o Brasil, conforme relatório de intenção de plantio produzido pela Safras e Mercado, a expansão da área deve chegar a 5,1 milhões de hectares. O analista Paulo Molinari explica que os preços do primeiro semestre estão atrativos e fazem com que o produtor opte pelo milho.

– Em média os preços do milho no Rio Grande do Sul ficaram entre R$ 25 e R$ 30 neste período. Este é um fator forte para estimular o plantio do milho para a próxima safra. Temos também vários negócios que vão ocorrendo para exportação em fevereiro e março de 2012 entre R$ 29 e R$ 30 no porto – ressalta.

Sobre o clima, Molinari acredita que, pelo fato de ser um ano de La Niña, o produtor deve ter cautela, mas salienta que com as chuvas chegando mais cedo no Rio Grande do Sul, o produtor pode aproveitar o plantio mais precoce, escapando do período mais crítico do fenômeno climático.

RÁDIO GAÚCHA

Embrapa aprova eficácia do Biofórmula Leite

Suplemento alimentar ajuda produtores a seguirem as exigências do Ministério da Agricultura

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) validou a eficácia do suplemento alimentar Biofórmula Leite. A pesquisa analisou a ação do produto em 40 vacas. Depois de 62 dias de uso do Biofórmula, os animais apresentaram aumento na absorção de nutrientes, estímulo no desenvolvimento de bezerros, prevenção de infecções intestinais e aumento da fertilidade do rebanho.

O suplemento à base de microorganismos vivos afeta de forma benéfica o hospedeiro e promove o balanço da microflora intestinal. Na pesquisa, foi analisado o controle da Contagem de Células Somáticas (CCS). Esse indicador aponta o grau de infecção da glândula mamária do animal. O uso do produto conseguiu manter os índices de CCS abaixo do nível exigido pela Instrução Normativa nº 51/2002 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

A validação do produto foi feita por meio de resultados em mais de três experimentos. Em todos eles, a suplementação melhorou a qualidade do leite e levou a uma redução média de 53% na contagem de células somáticas. O produto é vendido aos pecuaristas por uma empresa privada.

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Novidades na Agricultura Sustentável

Agricultura Sustentável
A agricultura é uma das áreas mais importantes para a sociedade. No caso da agricultura sustentável, existem dois objetos centrais: ter um grande lucro, e usar de tecnologias de produção e extração que não causem danos a natureza. Na realidade, esses dois motivos estão diretamente interligados, pois se a terra do próprio agricultor é renovável (ambientalmente correta), consequentemente há uma maior independência de compras externas (de terras, de adubos, de máquinas, etc.).

Podem existir tecnologias e novidades da agricultura sustentável que sejam caras no primeiro momento, mas, com certeza, que rendem muito em longo prazo.

Entre as novidades da sustentabilidade aplicadas na agricultura destacam-se: a técnica conhecida como adubação verde, que tem como vantagens uma maior duração de matéria orgânica na terra, isso ocorre devido à mistura dos nutrientes e componentes que também repõem os sais minerais no solo desgastado.

Para a geração de energia para a fazenda, os projetos e tecnologias que usam gases liberados dos resíduos para produzir energia é uma ótima novidade. Outro exemplo de cultura sustentável são as fazendas produtoras de cana-de-açúcar que fazem o reaproveitamento do bagaço da cana, para utilizar a energia sustentável.

Outro ponto interessante é que existe muitas tecnologias simples para se repelir as pragas das plantações, como o uso de produtos naturais para a expulsão de lesmas e caramujos nas hortas, por exemplo. Obviamente que esses métodos só funcionam em pequenas culturas (as culturas familiares). Isso ajuda extremamente na redução do uso de agrotóxicos na plantação.

O desenvolvimento tecnológico e a aplicação da agricultura sustentável caminham juntos, pois na medida em que se aplicam os conceitos da sustentabilidade na agricultura, descobrem-se novidades técnicas, mais limpas (ecologicamente) e mais baratas ao próprio produtor.

Com a participação da sociedade, como por exemplo, com a escolha por frutas orgânicas ao invés das transgênicas, toda a agricultura começaria a tomar a direção da sustentabilidade. Então, além da utilização das técnicas e novidades da agricultura sustentável, é necessária a divulgação da sua importância na própria sociedade geral.

Estado avança na adesão ao Sistema Brasileiro de Inspeção

O processo de adesão do Estado ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA) tem mais uma importante etapa no início da próxima semana. A Coordenadoria de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Cispoa) recebe, de segunda a quarta-feira, uma equipe do Ministério da Agricultura que auditará um estabelecimento que processa alimentos na regional de Porto Alegre.

Será verificado se o estado do RS possui procedimentos de inspeção equivalentes a Inspeção Federal no que se refere a garantia da qualidade e inocuidade dos produtos de origem animal. A auditoria no estabelecimento servirá para aferição do funcionamento do serviço de inspeção.

Com a aprovação, os estabelecimentos industriais registrados e indicados pela CISPOA poderão comercializar seus produtos fora do Estado, o que hoje só ocorre para os estabelecimentos registrados no Ministério da Agricultura e fiscalizados pelo Serviço de Inspeção Federal. A partir da adesão, o Rio Grande do Sul passará, junto com o Ministério da Agricultura, a realizar auditorias nos serviços de inspeção municipais que, após aprovação também poderão indicar indústrias sob sua jurisdição para realizar comércio intermunicipal e interestadual.

Segundo a médica veterinária Ângela Antunes de Souza, Coordenadora de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, com isso os serviços de inspeçãoganharão em qualidade, pois terão adequação de procedimentos e equivalência sanitária. Em relação as empresas, estima que haverá ampliação de mercado.

Entenda

O Sistema Unificado de Atenção a Sanidade Agropecuária (SUASA) opera em conformidade com os princípios e definições da sanidade agropecuária, incluindo o controle de atividades de saúde, sanidade, inspeção, fiscalização, educação, vigilância de animais, vegetais, insumos e produtos de origem animal. O Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA) integra o SUASA. O Objetivo do SISBI é promover a harmonização e padronização de procedimentos de inspeção de produtos de origem animal entre o serviço de inspeção federal, estadual e municipal, de maneira que os procedimentos e organização da inspeção se façam por métodos universalizados e aplicados equitativamente em todos os estabelecimentos inspecionados.

Com a finalidade de discutir o processo de Adesão ao SISBI-POA, o Estado do Rio Grande do Sul passou por uma auditoria orientativa do MAPA em junho de 2009, onde foram apontadas as principais falhas relacionadas ao serviço oficial de inspeção estadual. Entretanto, na época, não foram tomadas ações corretivas, tendo em vista que a adesão a este sistema não era prioridade.

Com base neste relatório e, principalmente, na nova política de governo, em janeiro de 2011 iniciou-se na SEAPA um processo de retomada das discussões sobre a adesão do Estado, tendo como metas obter a integral equivalência reconhecida pelo MAPA, realizar auditorias em todos os Serviços de Inspeção Municipal inseridos no SISBI no estado do RS e adequar todos os estabelecimentos registrados na CISPOA ao SISBI em um prazo de cinco anos.

As ações da SEAPA, somadas a publicação do Decreto Federal n° 7524 de 12 de julho de 2011, confirmou-se a realização da auditoria do MAPA nos dias 01, 02 e 03 de agosto..

A adesão do Estado a este Sistema trará grandes benefícios às agroindústrias locais, tanto as registradas nos Serviços de Inspeções Municipais (SIM), quanto às registradas na CISPOA, considerando que estas poderão ampliar seus mercados ao comércio intermunicipal e interestadual e terão melhorias na qualidade de seus produtos.

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Investimento em tecnologia nas lavouras contribui para o crescimento nas vendas de fertilizantes no RS

Bons preços dos grãos e aumento na área agrícola fazem produtor antecipar planejamento do plantio das culturas de verão

Os bons preços dos grãos, especialmente da soja, que deixaram o agricultor do Rio Grande do Sul mais capitalizado, o aumento na área agrícola das propriedades e o maior investimento em tecnologia são os principais fatores que contribuem para o crescimento nas vendas de fertilizantes no Estado. O primeiro semestre fechou com aumento de 25,07% ante igual período do ano passado, alcançando 1,07 milhão de toneladas.

Com essa grande procura antecipada por parte dos produtores, que já estão planejando o plantio das culturas de verão, que se inicia em setembro, a tendência é de uma acomodação nos negócios neste segundo semestre. Para o presidente do Sindicato da Indústria de Adubos do Rio Grande do Sul (Siargs), Torvaldo Antonio Marzolla Filho, a justificativa também está em um provável reajuste no preço do produto.

– Os produtores são muito bem-informados e anteciparam as compras para o primeiro semestre, pois, devido ao aumento na demanda, o preço dos fertilizantes deve subir neste segundo semestre – ressalta Marzolla.

Depois de uma safra recorde, o agricultor Cristiano Pierdoná, sonha repetir o bom desempenho em 2012 – 62 sacas por hectare em média na soja e 194 sacas no milho. O planejamento para o próximo ciclo de verão – agora no inverno semeou 120 hectares de trigo, 80 hectares de aveia e 60 hectares de cevada – o fez investir R$ 350 mil ainda em fevereiro para adquirir 400 toneladas de fertilizantes. A quantidade representa a metade do previsto para os 500 hectares no interior de Passo Fundo (RS).

Para o produtor, a queda do câmbio e a desvalorização recente de cotações agrícolas como a soja exigem organização prévia para alcançar uma safra positiva. Pierdoná pretende adquirir o restante dos insumos necessários mais próximo do plantio de milho, previsto para agosto, e de soja, até o início de novembro.

– O mercado oscila muito e tem de estar atento. Antecipando, o preço pode ser melhor – observa.

Além da compra antecipada, afirma o vice-presidente da Cotrijal, Jairo Kohlrausch, os produtores estão buscando produtos de melhor qualidade, pois precisam ser mais competitivos e garantir uma colheita farta. Segundo o presidente do Siargs, enquanto nos últimos 12 anos a área de plantio cresceu 30% no Brasil, a produção aumentou 179%, tendo como grande aliado o investimento cada vez maior em tecnologia.

Quem ainda não foi às compras pode ficar tranquilo. O diretor da Fertilizantes Piratini, José Claudino dos Santos, acredita que não há risco de falta do produto, pois os estoques foram respostos. Seguindo a tendência estadual, a indústria também registrou alta de 25% dos negócios no primeiro semestre.

ZERO HORA

Suínos/CEPEA: Agora, RS e SC lideram reajustes do vivo

Após fortes valorizações do suíno vivo e da carne nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná nas últimas semanas, agora é a vez das regiões de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul apresentarem reajustes significativos, conforme dados do Cepea. A resposta dos dois estados veio somente agora porque o mercado no Sul se caracteriza pelo maior número de integrações, o que torna mais lento o repasse tanto de quedas quanto de altas. Já no mercado da carne, os preços no atacado da Grande São Paulo enfraqueceram, segundo levantamentos do Cepea.

Cepea/Esalq

Parte do excedente de arroz da safra gaúcha será destinada para ração animal

Conab realizará leilões para que criadores adquiram cerca de 500 mil toneladas

O governo federal publicará na próxima semana uma portaria interministerial que trata da destinação de parte do excedente de arroz do Rio Grande do Sul para ração animal. Segundo o secretário adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizará leilões para que criadores de aves e suínos adquiram cerca de 500 mil toneladas de arroz diretamente dos produtores.

Bittencourt disse que a medida é viável graças à ação do governo do Rio Grande do Sul de desonerar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

– A transformação desse volume de arroz em ração animal ajuda no equilíbrio não só desta safra, mas também no da próxima porque, se fosse para os estoques, esse volume pressionaria os preços para baixo no ano que vem. É uma medida a mais para reduzir o excesso de oferta de produto e aumentar o preço, que ainda está abaixo do preço mínimo – relatou.

Por ser um produto pouco exportado no mundo, o valor do arroz não foi influenciado pela alta das commodities agrícolas. Há um mês, quando o governo adotou medidas efetivas para “enxugar” o excedente do produto, o preço da saca de 50 quilos era R$ 19, enquanto o preço mínimo estabelecido pelo governo é R$ 25,80.

A meta do governo para forçar a equiparação do preço de mercado ao mínimo estabelecido é incluir nos estoques públicos todo o excedente produzido e ainda aumentar as exportações em 600 mil toneladas, criando um déficit no mercado. Nesse cenário, a proposta de transformar arroz em ração no Rio Grande do Sul, responsável por 60% da produção nacional, foi ao encontro do objetivo do governo.

Além disso, os produtores de aves e suínos do Rio Grande do Sul têm dificuldades no suprimento de milho para a sua criação, o que torna ainda mais importante o uso do arroz como substituto do milho, que está com os preços elevados.

AGÊNCIA BRASIL

Rio Grande do Sul tem maior imposto sobre leite de soja na região Sul do país

Alíquota do ICMS é de 25% no Estado. Alta taxa prejudica tanto o consumidor quanto o agricultor

Wagner Machado
Ser um dos maiores produtores de soja do país não traz vantagens ao Rio Grande do Sul na hora em que o produto vai para o copo. O Estado ostenta o maior imposto sobre bebidas à base da oleaginosa na região Sul do país. O resultado é o subaproveitamento de uma das principais culturas gaúchas.

Enquanto em Santa Catarina e no Paraná o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) é de 12%, no RS a alíquota é de 25%. Essa disparidade prejudica tanto o consumidor quanto o agricultor: com o preço alto nas gôndolas do supermercado, vende-se menos. Segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), a média da bebida de soja está acima de R$ 4. Conforme a Associação Paranaense de Supermercados, o custo é de R$ 3,2.

– E isso ocorre no Estado que é o terceiro maior produtor de soja do Brasil, atrás somente de Mato Grosso e Paraná. Essa tributação reduz o consumo do leite de soja. O líquido, antes considerado artigo de luxo, agora é básico em Santa Catarina e no Paraná, por exemplo – argumenta o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo.

Uma audiência será marcada por Longo com o governador Tarso Genro, na expectativa de reverter o quadro. Intenção que tem o respaldo da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul. Conforme o diretor Laercio Jorge Pilau, todos ganhariam com um menor tributo nos derivados líquidos da soja.

– É questão de lógica: diminui o valor, todos se beneficiam. Bom para o agricultor, para o consumidor e também para o Estado – resume Pilau.

Alanys da Silva tinha apenas seis meses quando os pais descobriram que a filha tinha intolerância à lactose. A saída para mantê-la bem nutrida foi o leite de soja. O alto custo do produto, porém, não se encaixou no orçamento da família, que recorreu ao governo do Estado.

Em Nova Petrópolis (RS), a Cooperativa Piá produz 200 mil litros de suco mensalmente. De acordo com o supervisor comercial da Olvebra, Marcos Ambrosini, a produção gaúcha ainda é tímida, mas com incentivo, outros teriam acesso aos benefícios do grão.

Conforme a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da Fazenda, o imposto de 25% é padrão para todos os tipos de bebidas. Para mudar a alíquota, seria necessário alterar a legislação, como ocorreu com empresas gaúchas de refrigerante, vinho e suco.

Segundo a professora de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Erna Jong, o conceito de leite de soja se popularizou a partir de 1979 quando foi criada a máquina chamada vaca mecânica para extrair o líquido do vegetal. Apesar de usual, a palavra leite só poderia ser usada para a bebida de mamíferos. O correto seria falar em extrato de soja ou bebida. Atualmente, com a tecnologia, a cor amarela e o gosto amargo já podem ser substituídos.

ZERO HORA

Triticale como alternativa para alimentação de suínos e aves

O triticale é um grão produzido como fruto do cruzamento entre o trigo e o centeio. Esse grão permite a manutenção da palhada nos solos mais fracos ou arenosos, contribuindo amplamente com o sistema de plantio direto. É considerada uma espécie muito tolerante a estiagem, com boa resistência a solos ácidos, pobres, arenosos e com presença de alumínio, além de ser uma cultura tolerante a temperaturas mais baixas.

Esse grão é basicamente utilizado para nutrição animal e em menor quantidade para alimentação humana, por meio de seu uso na produção de biscoitos de água e sal e cream craker, dispensando o uso de determinados aditivos, que por sua vez, seriam necessários quando esses alimentos são produzidos somente com trigo.

O pesquisador da Embrapa Trigo, Alfredo do Nascimento Junior, responsável por pesquisas com o triticale, enfatiza o potencial produtivo do triticale na região central do Brasil, como cereal para cultivo alternativo na segunda safra, tanto por ser uma espécie de grande tolerância a ocorrência de pouca chuva.

Segundo ele, os países que mais produzem triticale no mundo são: Polônia, Bielorússia, Alemanha e França, sendo que o crescimento da área mundial produzida foi de 11%, entre 2008 e 2009. “Na Polônia, por exemplo, o produtor usa o triticale para alimentar suas criações, dentro da própria propriedade, reduzindo suas despesas com custos com rações e aumentando a sustentabilidade de seu negócio.

Entretanto, no Brasil, observa-se redução gradual na área de cultivo. Alfredo lembrou ainda que em 2005, o triticale foi plantado com maior amplitude na história da produção desse grão no país, com 130 mil ha. Atualmente, o estado que mais produz triticale é São Paulo, que nesse ano aumentou sua área cultivada em 116%. Os estados de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul também cultivam triticale. Desta forma, no Brasil a área total prevista de colheita na safra 2011 é de 56 mil ha e 20% superior à área em 2010.

“Infelizmente, desde 2009, o triticale vem perdendo espaço para o milho. Isso é muito ruim para o produtor de suínos e aves, pois com o preço do milho elevado, as cadeias produtivas de carnes e aves estão se tornando inviáveis. Assim, como foi realizado com o arroz, o governo poderia incentivar o cultivo de culturas alternativas ao milho, como o triticale. Precisamos definir novas alternativas para alimentação de suínos e aves no pais”, destacou Alfredo. Ele ressaltou ainda que antes de decidir o que produzir é importante que o produtor identifique as possibilidades de uso e comercialização de sua produção.

MS Notícias

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Código Florestal: Senadores sugerem incentivos para reflorestamento em propriedade familiar

Três novas propostas preveem benefícios a pessoas físicas ou jurídicas que aplicarem recursos na recomposição da Reserva Legal.
A dispensa de áreas de Reserva Legal em pequenas propriedades, prevista no projeto de reforma do Código Florestal tem sido criticada por diversos senadores, que preferem incluir no texto incentivos para que agricultores familiares consigam recuperar e manter as áreas protegidas. Ao lado dessa discussão no âmbito do novo código, tramitam no Senado três projetos prevendo diferentes modalidades desse tipo de incentivo.
A mais recente das três propostas foi apresentada pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC), prevendo a redução de imposto de renda para pessoas físicas e jurídicas que aplicarem recursos em projetos de reflorestamento em propriedade rural familiar.
Outra proposição, da senadora Ana Rita (PT-ES), autoriza a concessão de subvenção econômica para agricultores familiares que fizerem reflorestamento ou regeneração florestal em suas terras. Também prevê o benefício para adoção de práticas de conservação e recuperação de solo.
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) é autor de outra proposta sobre o tema, que propõe incluir permissão para plantio de espécies frutíferas e ornamentais na recomposição da Reserva Legal e das áreas de preservação permanente na Amazônia Legal e em propriedade familiar. Ele também sugere a concessão de incentivos fiscais e creditícios para essa recomposição. O projeto também prevê a possibilidade de os produtores rurais deduzirem do imposto de renda devido os gastos realizados na recomposição das áreas desmatadas e a concessão de crédito subsidiado para o plantio de frutíferas.

AGÊNCIA SENADO

Soja: comercialização brasileira da safra 2011/12 atinge 78%, diz Céleres

Notícias Agrícolas - De acordo com o levantamento da consultoria Céleres, cerca de 78% da safra 2010/11 de soja já foram comercializadas no Brasil. O maior volume de venda foi registrado no Estado do Mato Grosso, que já teve 97% da produção negociada. O Estado do Paraná e do Rio Grande do Sul já negociaram 74% e 50% do grão, respectivamente.
A consultoria estima que as vendas antecipadas do Mato Grosso da safra 2011/2012, já atinjam em torno de 15% da produção.
Com relação ao mercado doméstico, o avanço dos preços internacionais da soja, impulsionados pela demanda firme, já influenciam os preços internos que registraram ganhos de 0,7% na semana passada. Apesar disso, o avanço foi limitado pela desvalorização cambial.
Na última sexta-feira, os prêmios de exportação para agosto/11 chegaram a US$ 0,75/bushel na compra e US$ 0,80/bushel na venda, alta de 2 pontos no acumulado de uma semana. No porto de Paranaguá (PR), a cotação da saca de soja terminou a semana valendo US$ 31,80, ganho de 1,3% no acumulado de sete dias.

Só Notícias

terça-feira, 26 de julho de 2011

Produtores de soja terão ano memorável

Martha San Juan França
No mercado interno, um fator que estimula a venda dos grãos é o biodiesel

Mesmo com o dólar em queda, rentabilidade do grão subiu, o que deve se refletir em mais investimentos no campo, com compra de maquinário e melhora da lavoura.

Este ano, o produtor de soja não tem muito do que reclamar.

A previsão de safra recorde de 75 milhões de toneladas em 2010/2011 - 9% acima da anterior - puxada pelo aumento das exportações, principalmente para a China, e os preços convidativos no mercado mundial, comparados com a média do ano passado, permitem ao país a melhor rentabilidade dos últimos anos, com a retomada dos investimentos em solo, maquinário e produtividade.

Tanto que a colheita ainda não acabou em algumas regiões, mas cerca de 60% a 70% já foi comercializada.

A média do preço pago ao exportador aumentou 30,4% no semestre, em comparação com 2010, passando de US$ 375 para US$ 489 por tonelada. Segundo Otávio Celidônio, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o resultado das exportações só não é melhor por causa da diferença cambial, porque o dólar ficou em média 9,3% mais baixo que no primeiro semestre passado e, com isso, o preço médio da tonelada em reais acabou ficando 18% maior em relação ao mesmo período.

"Por sorte, a demanda mundial está muito alta e aceita níveis de valorização do real que há pouco tempo causariam um estrago no bolso do produtor e, consequentemente, na balança comercial brasileira", diz Celidônio.

A explicação passa pela China, que absorve a maior parte da produção - a previsão é de um aumento das exportações de 28,5 milhões para 30 milhões de toneladas, sendo 66% para a China e 20% para a União Europeia.

"A China está mandando no mercado e continua sendo a grande compradora de soja do Brasil e dos outros grandes produtores, como Estados Unidos e Argentina", afirma Fábio Trigueirinho, secretário-geral da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). "Essa procura tem mantido os estoques em nível ajustado e os preços em alta."

Clima favorável

A recuperação dos preços e a demanda externa, que começou no ano passado, não foram os únicos motivos desse aumento da produção nacional. "Na safra que está sendo colhida agora, tivemos condições de produtividade acima da média em termos climáticos", acrescenta André Debastiani, analista da Agroconsult.

Ele explica que a seca do ano passado atrasou o plantio nas regiões produtoras, o que fez com que fosse executada entre outubro e novembro, um período perfeito para o melhor desenvolvimento da planta. Além disso, a seca levou à diminuição do aparecimento da praga da ferrugem asiática, que costuma prejudicar o plantio.

"O clima só não foi perfeito por causa dos estragos da chuva no sudoeste de Goiás, no Triângulo Mineiro e em Mato Grosso do Sul", afirmou Debastiani. Em compensação, houve excepcional produtividade das lavouras de soja no Mato Grosso e no Rio Grande do Sul.

Ele acrescenta outros fatores que elevaram a produtividade. "Como o produtor estava capitalizado por uma sucessão de boas safras, foi possível investir mais em semente, adubação, maquinário e no aumento da área plantada".

Os dados da Agroconsult apontam também um crescimento da área cultivada com a oleaginosa de 21,7 milhões de hectares para 23,5 milhões de hectares e a previsão é de novo aumento no próximo ano. A produtividade, segundo o analista, também cresce a cada safra. Pelo segundo ano consecutivo, o Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb) realizou um desafio nacional de máxima produtividade da planta.

"Um dos nossos objetivos é estimular, por meio da criação de estratégias sustentáveis, o aumento da produção média dos atuais 3.104 quilos por hectare para no mínimo 4 mil quilos no cerrado até 2015 e na região sul até 2020", diz Orlando Carlos Martins, presidente do Cesb. O desafio, cujo resultado será anunciado em agosto, demonstrou um aumento de produtividade de 75% em relação à média do Brasil na safra 2010/2011.

Outro fator que estimula a produção é a venda da soja para o mercado interno, motivado pelo aumento do uso de biodiesel no diesel na proporção de 5%.
Brasil Econômico

Lançado o primeiro plano safra gaúcho

O governador Tarso Genro lançou, na manhã desta segunda-feira (25), no município de Sério, no Vale do Taquari, o Plano Safra Estadual, que prevê um total de investimentos para o agricultor de R$ 1,35 bilhão, financiados pelo Banrisul, com juros reduzidos. O valor poderá ser usado para custeio, investimento e comercialização. Além dos recursos financiados pelo Banrisul, os agricultores terão disponíveis mais R$ 14 bilhões do orçamento do Governo Federal.

O ato marcou as comemorações do Dia do Colono e lotou as dependências do salão paroquial da Igreja São José, em Sério. "É uma iniciativa ousada do Rio Grande do Sul" afirmou o governador Tarso Genro. O Estado torna-se um dos primeiros do Brasil a elaborar o seu plano específico.

Para o governador, "mais do que um alinhamento com o Governo Federal, o Plano Safra Gaúcho é agente proponente de políticas voltadas à inclusão, à redução das desigualdades no campo e indutor do desenvolvimento agrícola. É resultado de amplo diálogo entre movimentos populares e sociais, Secretarias de Estado, bancos estaduais e ministérios".

Já o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, depois de ressaltar a importância das medidas de crédito contidas no plano, lembrou que o Governo Federal, na gestão do presidente Lula, iniciou o plano nacional com 23 bilhões de reais, valor que quintuplicou desde então, chegando neste ano a mais 124 bilhões de reais.

Logo em seguida afirmou que o estado não dispunha de instrumentos que articulassem as políticas públicas para o setor primário, lacuna que vem a ser preenchida pela medida anunciada pelo governador Tarso Genro. Também informou que o Governo do Estado vem investindo em projetos que representem maior sanidade e que criem instrumentos de estímulo à pesquisa e geração de tecnologias, visando o aumento da produtividade. Luiz Fernando Mainardi valorizou o papel da extensão rural. Disse que "o Plano Safra Gaúcho vai fazer com que o Estado dê um apoio maior à pesquisa e extensão rural e busque, também, novas tecnologias."

“Com isso”, justificou o secretário, “damos mais um passo para ampliarmos a renda dos produtores, estabelecendo atrativos para que permaneçam no campo, ao mesmo tem em que significa aumento da receita pública, para que o Estado possa atender as suas demandas”.

Também presente no evento, o secretário de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo, Ivar Pavan, cuja pasta vai comandar a maioria dos projetos anunciados no Plano Safra Gaúcho, disse que o Governo está valorizando este importante setor que é a agricultura familiar. Alinhado com o Plano Safra Nacional para a Agricultura Familiar, lançado há uma semana, "aqui (no RS) temos políticas específicas que não são voltadas somente ao crédito e seguro agrícola. Nosso Governo vai investir em políticas de reestruturação de médio e longo prazo", disse Pavan. Em seguida, ele explicou cada um dos programas do Plano Safra Gaúcho que vão ser desenvolvidos pela SDR.

Representando os trabalhadores rurais, Frei Sérgio, da Via Campesina, disse que o Plano é muito importante e não deve ser um ponto de chegada, mas de partida. Cobrou que o Governo do Estado esteja atento às questões das dívidas dos agricultores junto ao Pronaf.

Por sua vez, a Federação dos Trabalhadores da Agricultura (Fetag) considerou que a criação de uma Secretaria específica para os assuntos da agricultura familiar (Secretaria de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo) e o Plano Safra Gaúcho monstram a preocupação do Governo do Estado com este setor. Já o presidente da Fetraf-sul, Celso Ludwig, quebrou o protocolo e chamou um representante dos pequenos agricultores para sentar ao lado do governador. Disse que se não fossem as mãos calejadas destes trabalhadores, não teríamos o pão, o leite e o alimento que vai pra nossa mesa todos os dias.

Além de dezenas de agricultores familiares, também, participaram do lançamento do Plano Safra Gaúcho a secretária Executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Márcia Quadrado, o secretário Nacional de Agricultura Familiar, Laudemir Muller, os deputados estaduais, Edgar Pretto e Luiz Fernando Schimdt, e o deputado federal Dionilso Marcon, todos do PT, e a prefeita de Sério, Dolores Kunzler.
Texto: Roger da Rosa/Aline Rodrigues/Marcos Pérez
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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Casca do arroz é matéria-prima para negócios inovadores no sul do Brasil

Resíduo pode ser transformado em energia, borracha, chips eletrônicos, madeira, papel, bloqueador solar e material de construção
Kellen Moraes
Líder na orizicultura nacional, o Rio Grande do Sul colheu 9 milhões de toneladas na última safra. Desse total, 22% correspondem à casca. Há uma década, cerca de 1,9 milhão de toneladas do resíduo seria um problema. Atualmente, é a solução para uma vasta gama de segmentos econômicos.

Há quem acredite que, um dia, o grão se tornará um subproduto do arroz. Considerando que o cereal é base da alimentação de mais da metade da população mundial, parece absurdo aceitar tal prognóstico. No entanto, as possibilidades de aproveitamento desse vegetal vão além dos limites gastronômicos. A casca do arroz pode ser matéria-prima para negócios lucrativos.

Em 2000, a indústria de beneficiamento Camil Alimentos, instalada em Itaqui (RS), percebeu que poderia reduzir custos se produzisse a energia que consumia. Investiu R$ 5 milhões para construir aquela que seria a primeira usina de biomassa de casca de arroz do Estado, com capacidade de 4,5 MW.

Com alto poder calorífico e regularidade térmica, o resíduo é matéria-prima para processos termelétricos com a vantagem de poluir bem menos o ambiente, ao contrário de recursos convencionais, como o carvão. Para se ter ideia, uma tonelada de casca equivale a dois barris de petróleo.

Segundo o engenheiro químico Gilberto Amato, pesquisador da Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), atrás de créditos de carbono, fundos de pensão da Suíça e da Alemanha transformaram o Rio Grande do Sul em fornecedor de fonte para energia limpa.

– O próprio Rudolf Diesel (inventor do motor a diesel) defendia a teoria de que o agronegócio tinha de ser independente em termos de energia. E a casca do arroz propicia isso para a indústria – explica o pesquisador, autor de estudos bioquímicos sobre o cereal.

Produção de borracha, cimento e chips eletrônicos

Além do poder calorífico, a casca de arroz guarda uma propriedade preciosa. Nela, podem ser encontrados até seis vezes mais dióxido de silício (ou sílica) do que em outros cereais. Composto químico, cristalino e abundante na crosta terrestre, a sílica é responsável por uma espantosa versatilidade no uso da casca, a partir dela, pode-se produzir borracha, cimento e até chips eletrônicos.

Há 10 anos, o professor da Universidade de São Paulo (USP), Milton Ferreira de Souza, apresentou sua pesquisa na Associação Comercial e Industrial de São Borja (RS). Seu estudo indica que o composto aumenta a resistência da estrutura e reduz a espessura do concreto.

– A sílica possibilitará obras com maior espaço útil, economizando material – analisa o professor.

O aproveitamento do dióxido de silício conquistou a atenção de empresas do Rio Grande do Sul. Em Alegrete (RS), a indústria de arroz Pilecco, além de gerar energia com a queima da casca, criou um método para extrair sílica das cinzas restantes do processo de combustão. O produto é revendido e a iniciativa rendeu à empresa os prêmios Leader Quality e Qualidade Brasil.

Outra característica da casca é seu poder de bloquear a incidência solar. Gilberto Amato explica que, não fosse o resíduo, o grão de arroz não se desenvolveria.

– A radiação esterilizaria a semente. Na casca, há um sistema que impede a passagem dos raios.

Ou seja, o extrato da casca de arroz pode ser usado como protetor solar.

Fibra vegetal para fabricação de materiais que substituem a madeira

Dentre as histórias de cientistas, pesquisadores e empreendedores que se dedicaram a estudar as formas de aproveitar o arroz, está a do engenheiro químico, Luiz Ângelo Cunha. Ele descobriu que a fibra da casca aumenta a resistência e as propriedades mecânicas de outros materiais com os quais estiver combinada.

– Passei dias em laboratórios e consegui comprovar as potencialidades do resíduo – conta.

A ideia, então, foi utilizar a fibra vegetal como reforço em resinas termoplásticas para fabricação de materiais que substituem a madeira. Cunha apresentou o projeto ao Grupo Polisul, que trabalha com plantio de arroz e implementos agrícolas, com sede em Pelotas (RS), na região Sul. A partir de então, desde 2008, a Polisul passou a produzir perfilados de casca de arroz e fundou a empresa WPC Brasil para gerenciar o negócio.

A sigla WPC corresponde ao termo inglês wood plastic composities, que se refere a compostos poliméricos, usados no lugar de produtos madeireiros. Apesar dos compostos poliméricos não serem novidade, a adição de casca de arroz na combinação é pioneira. A tecnologia desenvolvida pelo engenheiro garante vantagens ao produto, como mais durabilidade e resistência a cupins e baixa absorção de umidade.

Atualmente, a WPC Brasil produz cerca de 65 mil metros lineares de perfilados por mês. No processo industrial, são utilizadas 45 toneladas de casca de arroz. A aplicação dos produtos pode ser vista em batentes de portas, deques e mobílias.

Entre outros negócios, a empresa fechou convênio com a Faculdade de Tecnologia Senai Cimatec da Bahia. A parceria venceu uma chamada pública da Financiadora de Estudos e Projetos de Inovação Tecnológica (Finep) para atender à Marinha do Brasil, construindo piers e marinas.

Além do cliente ilustre, agora diretor-industrial da WPC, Luiz Ângelo Cunha comemora uma outra recente conquista da empresa, o Prêmio Nacional de Inovação e Sustentabilidade 2010 – Categoria Negócios, concedido, em junho, pelo projeto de transformação do resíduo em matéria-prima.

ZERO HORA

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Desmatamento caiu em junho, mas mantém tendência de aumento

Brasília – Em junho, o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) registrou 99 quilômetros quadrados (km²) de novos desmatamentos na Amazônia Legal. Na comparação com junho de 2010, houve redução de 42%. No entanto, a tendência é de avanço do desmatamento na região, segundo boletim divulgado nesta sexta-feira (22) pela organização não governamental (ONG).

No acumulado entre agosto de 2010 e junho de 2011 – primeiros 11 meses do calendário oficial do desmatamento, que vai de agosto de um ano a julho do outro – a derrubada na região somou 1.534 km², aumento de 15% em relação ao período anterior (agosto de 2009 a junho de 2010), quando os satélites registraram 1.334 km² de desmate.

Pelos cálculos do Imazon, de uma ano para outro, o ritmo do desmatamento alguns estados aumentou até 800%, caso do Tocantins. A taxa anual de desmatamento é calculada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e só deve ser divulgada em outubro ou novembro.

Em junho, segundo o Imazon, as novas derrubadas ficaram concentradas no Pará e em Mato Grosso, que juntos, foram responsáveis por 70% da área desmatada no bioma. O Pará desmatou 45km² no período e Mato Grosso, 25km². O Amazonas e Rondônia aparecem em seguida no ranking, com 19km² e 10 km² de novos desmates, respectivamente.

Além do corte raso (desmatamento total), o levantamento do Imazon mede a degradação florestal, que considera florestas intensamente exploradas por atividade madeireira ou atingidas por queimadas. Em junho, a degradação avançou sobre 193km² de áreas de floresta.

O Imazon estima que o desmatamento em junho provocou a emissão de 6,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) equivalente – medida que considera todos os gases de efeito estufa.

Edição: Nádia Franco
Agência Brasil
Autor: Luana Lourenço

Trigo puxa a alta das exportações gaúchas

Até junho, embarques somaram US$ 9,3 bilhões, expansão de 29,7% em valor sobre o ano passado
ANA PAULA APRATO/JC
As exportações do Rio Grande do Sul somaram US$ 9,3 bilhões entre janeiro e junho de 2011, o que representa uma alta de 8,3% em volume e 29,7% em valor em relação ao mesmo período do ano passado. A indústria de transformação foi responsável por mais de dois terços do total embarcado, somando R$ 7,1 bilhões, uma alta de 22% sobre os primeiros seis meses do ano passado, enquanto a agropecuária vendeu ao exterior R$ 1,9 bilhão, uma elevação de 73,8%.

A expressiva alta no embarque de produtos do campo teve como principal propulsor o trigo, que vendeu 594% a mais em valor e 267% em volume. O resultado se deve à conquista de mercados, como a Argélia, que deixaram de ser atendidos pela Rússia, onde houve quebra da safra. "O Rio Grande do Sul se beneficiou por produzir um trigo muito semelhante ao da Rússia e atendeu a esta lacuna, mas este resultado é temporário até que os antigos fornecedores retomem sua atividade", explica Cecília Rutkoski Hoff, supervisora do Centro de Informações Estatísticas da Fundação de Economia Estatística (FEE), organizadora do levantamento.

A alta cotação do preço do trigo no início deste ano, assim como de outras commodities agrícolas, como a soja, causou uma receita maior em dólares por volume embarcado, compensando a perda de valor da moeda americana diante do real. Os preços da soja e do trigo cresceram, respectivamente, 34,8% e 88,8% no período. Por outro lado, a exportação do fumo continua em queda, representando uma perda de relevância na pauta de exportações do Estado: neste primeiro semestre, os embarques da planta caíram 3,1%.

Na categoria indústria de transformação, o crescimento de 22% nas exportações foi composto por uma variação positiva de 7,1% no volume e 14% no preço. Os produtos alimentícios e as bebidas cresceram 38% em faturamento com exportações, enquanto os embarques de produtos químicos subiram 30%, os de máquinas e equipamentos, 31% e, os veículos automotores, 54%. "Os embarques de produtos com alto valor agregado tem subido principalmente em volume", destaca Cecília.

No que diz respeito aos principais destinos das exportações do Estado, destaca-se, entre os mercados tradicionais, o crescimento das vendas para a China (30,3%), cujo embarque de soja cresceu substancialmente, Argentina (23,3%), França (160,8%) e Uruguai (71,6%). As vendas para a Argentina ampliaram mesmo diante do empecilho causado pelas barreiras alfandegárias que prejudicaram o comércio com o Brasil nos últimos meses. Os Estados Unidos mantiveram suas compras estáveis.

Os resultados mantêm o Rio Grande do Sul na quarta posição entre os maiores estados exportadores - abaixo de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro -, representando 7,8% das exportações brasileiras. Em termos nacionais, os embarques foram relativamente superiores aos gaúchos no indicador valor: 32,6% versus 29,7%. No entanto, em volume a alta de 8,3% do Rio Grande do Sul foi superior à brasileira (1,7%).
Pratini defende abertura de mercado para reaquecer presença nacional no exterior

A abertura de mercados, da mesma forma como houve após a segunda guerra mundial, é solução para reaquecer o comércio internacional do Brasil, segundo Marcus Vinícius Pratini de Moraes, ex-ministro de Agricultura e atual integrante do Conselho de Administração do Grupo JBS. Em palestra na Câmara Brasil-Alemanha nesta quinta-feira, em Porto Alegre, Pratini considerou "inaceitável" que a carne suína brasileira ainda seja barrada na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo.

"O pretexto para barrarem a carne brasileira é a aftosa. Mas quando foi que se ouviu falar pela última vez de aftosa no País?", questionou. Para ele, é preciso que o Brasil seja ainda mais incisivo na tentativa de abrir mercado internacional em países que impõem barreiras e geram subsídios aos seus agricultores, seja pela Organização Mundial do Comércio (OMC), seja por negociação direta com governos. "Nos Estados Unidos, por exemplo, os subsídios chegam a US$ 1,2 bilhão por dia."

Uma das formas de melhorar a competitividade brasileira seria ampliar a área de plantio, acredita Pratini. Segundo ele, o País é um dos que menos ocupa seu território com produção agrícola, usando apenas 8,2% da área. A iminência da suspensão do Sistema de Preferências Tarifárias para a Europa, que isenta de impostos parte dos produtos brasileiros para lá exportados, foi outro fator que mereceu um alerta do economista. Em maio, a Comissão Europeia começou a debater a exclusão do Brasil desse sistema. De acordo com Pratini, o fim dos benefícios afetaria 30% dos embarques brasileiros à União Europeia. O palestrante também apontou estratégias para que o Brasil se insira com mais voracidade no mercado internacional. Uma delas é a educação. Para ele, o País está deixando de seguir o caminho do sucesso dos tigres asiáticos, ao não investir no conhecimento e na formação de seus jovens.

Jornal do Comércio

Argentina bloqueará compra de suínos produzidos no Brasil

Buenos Aires - Os produtores de carne suína da Argentina confirmaram que no dia 27 deste mês bloquearão as pontes argentinas usadas pelo comércio do Mercosul para impedir a passagem de caminhões com produtos suínos Made in Brazil. Os produtores argentinos, mobilizados pela ativa Federação Agrícola, haviam ameaçado bloquear as pontes em abril passado, mas em cima da hora desistiram. Na agricultura o cenário não favorece o país vizinho, já que o Ministério da Agricultura da Argentina reduziu sua previsão para a safra de soja 2010/2011 para 48,8 milhões de toneladas, queda de 7,4% na comparação com a safra anterior. A Argentina é o terceiro maior exportador mundial de soja e lidera as vendas de farelo.

DCI - Diário do Comércio & Indústria

Rio Grande do Sul define estratégias para exportar mais carne bovina para União Europeia

Meta do governo é rastrear todo o rebanho bovino em quatro anos
Preocupado em dar um novo vigor às exportações de carne bovina, especialmente para a União Europeia, o governo do Rio Grande do Sul define estratégias para se posicionar no mercado. As ações passarão pelo desafio de buscar a certificação e rastreabilidade das cerca de 14 milhões de cabeças de gado do Estado nos próximos quatro anos.

Caminho que não será tão simples assim já que, atualmente, são 150 mil exemplares rastreados, o equivalente a 1% do total. Outra barreira a ser vencida é a de dobrar o atual volume de exportações de carne, de cerca de 40 mil toneladas, em seis anos.

O anúncio foi feito nessa quinta, dia 21, pelo secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi, em encontro com representantes do segmento da carne.

O presidente do Sindicato da Indústria de Carne e Derivados no Estado, Ronei Lauxen, aprova as medidas anunciadas, mas faz um alerta:

– Não pode haver muita burocracia, pois os modelos que já se tentou implantar no país tiveram pouca adesão.

Segundo o secretário, o Programa da Carne Gaúcha, que ainda está em elaboração, terá recursos públicos e privados que deverão ultrapassar os R$ 100 milhões. Só o rastreamento teria um custo previsto de R$ 60 milhões. No dia 29, em Santana do Livramento (RS), será assinado convênio de R$ 31 milhões com o Ministério da Agricultura para a reestruturação das inspetorias veterinárias – R$ 25 milhões de verba federal e R$ 6 milhões do Estado.

– Uma das primeiras etapas passa por essa reestruturação, inclusive com o aumento no quadro funcional a partir de 2012 – salienta Mainardi.

Em passagem pelo Estado, o presidente do Comitê de Estratégia Empresarial do JBS Friboi, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, criticou a imposição de pesadas barreiras impostas por mercados como o europeu. A busca de uma solução, reforça Moraes, depende também de acertos políticos.

O Rio Grande do Sul que em 2006 chegou a exportar US$ 55 milhões em carne de gado in natura para a UE (5% do total brasileiro), viu seu desempenho despencar para US$ 4 milhões neste primeiro semestre desse ano (2,5% do montante nacional).

ZERO HORA