quarta-feira, 20 de julho de 2011

Inverno beneficia frutíferas de clima temperado

O frio do inverno gaúcho permite ao Estado ser o maior produtor brasileiro de frutas de clima temperado: uva, ameixa, maçã, pêssego, figo, caqui e kiwi, entre outras. As espécies caducifólias, que perdem as folhas no inverno, exigem de duzentas a mais de mil horas de frio com temperaturas abaixo de 7,2 graus centígrados. “Esse frio possibilita que essas plantas entrem num ciclo de dormência, de parada fisiológica, e que reiniciem um novo ciclo com uma floração bastante intensa, grande, constante e concomitante, que não fiquem brotando um pouquinho hoje, depois florescendo um pouco daqui a 15 dias”, diz o agrônomo da Emater/RS-Ascar, Antônio Conte.
Não há problemas para essas espécies que estão em dormência se ocorrerem geadas no inverno ou se as temperaturas baixarem até dois graus negativos. As baixas temperaturas também acabam protegendo as frutíferas de clima temperado dos seus principais inimigos, que são a mosca da fruta e a broca chamada grafolita. “Essas pragas têm uma fase larval e, mesmo o adulto, não resiste a temperaturas negativas. Então no inverno há uma parada de multiplicação e só se salvam algumas dessas pragas em regiões onde é mais quente, onde a temperatura não baixa, não se torna negativa. A maioria dos fungos também se desenvolve com temperaturas medianas (em torno de 15 graus) ou altas (25 a 30 graus). Então o inverno também estabiliza e para a multiplicação desses fungos”, salienta Conte.
Sanitariamente, um inverno rigoroso para essas espécies de produção em frio favorece o início do próximo ciclo vegetativo, que leva à produção. “Com certeza o frio ajuda na qualidade. É lógico que, como o nosso clima no RS é bastante instável, se houver condições muito desfavoráveis ainda tem fatores que poderão comprometer a safra, mas o iniciar bem sempre é positivo”, destaca o agrônomo.
A brotação das plantas começa somente no início da primavera. Até lá, o trabalho dos agricultores se resume à realização de práticas que vão ajudar na produção. Uma das principais é o tratamento de inverno com calda sulfocálcica ou bordalesa. “Visam à redução de fonte de inóculo, ou seja, de ovos de pragas e de esporos de doenças que se mantém na madeira das plantas e depois, na primavera e verão, acabam atingindo a folhagem e as frutas”, explica o agrônomo da Emater/RS-Ascar, Enio Todeschini. Outra prática indispensável é a poda de inverno. “Consiste em distribuir a energia da planta entre fase vegetativa e produtiva, então se deve retirar todos aqueles galhos que não têm uma função específica (tortos, secos e quebrados), chamados ladrões, e escolher os melhores carregadores, que são aqueles que vão gerar frutas na próxima safra”, conclui.
Plantio
O inverno também é o período indicado para o plantio de mudas das espécies frutíferas caducifólias. “Aproveita-se para plantar justamente nessa época, para elas se prepararem para a emissão de calos radiculares e, assim que emitirem as primeiras folhas, também as raízes se desenvolverem e então terem suporte de abastecimento da água que perdem pelas folhas”, explica Enio.
Colheita
Embora não seja uma cultura de frio, as frutas cítricas, espécies de clima subtropical, estão presentes em quase todo o estado e têm um período de colheita que vai de abril a dezembro. Isso é possível devido aos diferentes mesoclimas existentes no RS e à diversidade de espécies e variedades de citros. Nos meses de inverno, eles são as únicas frutas verdadeiramente da época. “Manejados e cultivados nas regiões um pouco mais quentes, permitem um bom abastecimento, tendo uma fruta diferenciada daquela produzida em São Paulo e em outras regiões quentes, como o Nordeste brasileiro”, afirma Conte. De acordo com o agrônomo, a amplitude térmica existente no RS, ou seja, a variação térmica da noite para o dia, dá às frutas aquela coloração intensa e um excelente equilíbrio entre açúcar e ácido, característicos da laranja e da bergamota produzidas aqui.
Os citros são a segunda cultura mais expressiva no RS. Somados, laranja, bergamota e limão ocupam uma área de 40 mil hectares no estado, ficando atrás apenas da uva.
Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar – Regional Caxias doSul
RejanePaludo
repal@emater.tche.br
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